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TIX - IMUNIZAÇÃO

A Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP) atua na saúde indígena por meio de um programa de extensão universitária, conhecido como Projeto Xingu. As atividades deste programa tiveram início no Parque Indígena do Xingu(PIX) em 1965, tendo a imunização e o atendimento médico da população como focos principais.

A vacinação foi priorizada, pois, em 1954, uma epidemia de sarampo dizimou cerca de 20% da população do Alto Xingu, de contato recente e totalmente suscetível às doenças para as quais já existiam vacinas. Inicialmente o trabalho se deu sob a forma de expedições que visitavam periodicamente o parque, usualmente quatro vezes por ano: duas para a região do Posto Indígena Leonardo, mais ao sul do PIX; e duas à região do Posto Indígena Diauarum. Além de levar a imunização a todas as aldeias a equipe prestava assistência médica, curativa e preventiva, com atendimento às queixas, busca ativa de agravos como a Tuberculose, acompanhamento de gestantes e recém nascidos. Além do atendimento a equipe fazia o cadastramento de todos os indivíduos, criando prontuários especiais organizados por famílias nucleares e ampliadas, por aldeia e por etnia. Esta estratégia perdura até os dias de hoje, embora o número de imunobiológicos e a população, de maneira geral, seja bem superior.

 

 

Devido à impossibilidade de manutenção de imunobiológicos em caráter contínuo em campo pela falta de energia para a rede de frio, além da rotatividade de profissionais, que dificulta a permanência de um profissional capacitado para realizar as atividades de imunização, o Programa de Imunização no Parque Indígena do Xingu está baseado em campanhas periódicas de multivacinação, utilizando o cadastro médico individual que a EPM/UNIFESP mantém no Xingu desde 1965. Para a conservação das vacinas nas campanhas, o programa mantém uma rede de frio com características próprias que o diferencia da manutenção dos imunobiológicos em geladeiras/salas de vacina, como acontece em uma unidade de saúde urbana.

O calendário vacinal para os povos indígenas (regulamentado pela Portaria nº. 1498, de 19 de julho de 2013), inclui atualmente 17 vacinas, com a inclusão recente da HPV para população feminina de 9 a 13 anos. Em relação ao calendário nacional, este calendário comtempla as vacinas, pneumocócica 23 e varicela, e vacinação contra a hepatite B e influenza para todas as faixas etárias.

 

 

 

 

 

O programa de vacinação da EPM/UNIFESP é provavelmente o mais antigo e de maior sucesso em todas as populações de índios das terras baixas da América do Sul. Obteve aprovação unânime de todos os habitantes do PIX(Parque Indígena do Xingu) que conhecemos; na opnião de muitos deles, este foi o único que bloqueou a história de graves epidemias e que levou o presente aumento da população. O programa tem funcionado de maneira ininterrupta desde mais ou menos 1966, de acordo com o estabelecido para toda a população do Brasil pelo Ministério da Saúde. O programa está também no centro dos registros de saúde para a população do Parque; as visitas regulares de vacinação e a entusiástica cooperação local proporcionam a oportunidade para sua sistemática atualização

(Hugh-Jones & Hugh-Jones, 1996)

 

 

 

Diário de Campo

 

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