A presença e afirmação da identidade indígena nos ambientes urbanos vem crescendo nos últimos anos. De acordo com o IBGE 63% da população indígena brasileira está vivendo nas cidades. A capital e grande São Paulo agrega o maior número de indígenas fora da Amazônia.
A preparação dos profissionais de saúde e administrativos é organizada de modo a promover a sensibilização para a temática da saúde indígena e são abordados conceitos chave como território, identidade étnica, interculturalidade, intermedicalidade, perfil epidemiológico da população em tela, linha de cuidado intercultural e demandas específicas de acordo com a realidade dos grupos envolvidos, por exemplo, saúde mental, atendimento de emergências e segurança alimentar. O trabalho posterior é de cadastramento da população, re-conhecimento das suas práticas de saúde e acompanhamento das famílias. O Projeto permanece fazendo assessoria e matriciamento no atendimento dos pacientes. Alguns casos de maior complexidade são reportados ao Ambulatório de Saúde dos Povos Indígenas.
Além das discussões teóricas com especialistas são promovidas visitas aos locais de moradia e serviços de saúde como o Ambulatório de Saúde dos Povos Indígenas do Projeto Xingu, UBS Real Parque que atende a população Pankararu na região do Morumbi, UBS Cabuçu que atende a aldeia multiétnica de Guarulhos e UBS Santa Cruz que atende os Guarani em São Bernardo.
Em 2023 estão em andamento dois cursos, nos municípios de São Bernardo do Campo, que registra 1300 indígenas morando na cidade e em três aldeias guarani na região das represas e no município de Guarulhos, onde estão 2500 indígenas de 16 etnias, morando em diversos bairros e numa aldeia multiétnica na região da Cantareira. Setenta e cinco profissionais estão sendo capacitados em processos muito ricos de troca de conhecimentos e experiências, com a participação de lideranças e agentes indígenas de saúde.